Dez perguntas para uma astroquímica na Holanda

Recentemente, eu superei minha implicância (bem justificada, diga-se de passagem) com tudo relacionado à indústria da moda e resolvi assistir um dos famosos vídeos de 73 perguntas da Vogue. Escolhi a entrevista com a primorosa Olivia Colman, o que obviamente minimizou consideravelmente a probabilidade de ter sido uma experiência negativa. Gostei tanto, inclusive, que me veio a vontade de participar de algo semelhante. Como a minha nomeação ao Oscar, porém, ainda está sendo deliberada pela Academia, penso que quase uma centena de respostas beira o limite da empáfia.

Numa alternativa mais comedida, minha amiga e breve membro do InterCat, Luise Butzke, produziu um vídeo com apenas quinze perguntas sobre sua pesquisa e a vida na Dinamarca. Para dar continuidade à iniciativa da Luise, e para poder me ufanar inofensivamente do meu tópico de estudo — eu sou, no fim das contas, uma acadêmica — resolvi responder nesse post dez perguntas para uma astroquímica na Holanda:

1. Qual sua cidade natal?
Eu nasci e cresci no Rio de Janeiro, Brasil. Tenho “r” e “s” puxados e muita saudade de Matte Leão. Em tempo: é bixcoito.

2. O que você está fazendo em Leiden?
Estou aqui para fazer meu doutorado. Cheguei há mais ou menos quatro meses, então ainda tenho mais três anos e oito meses pela frente!

3. Sobre o que é o seu doutorado?
É sobre a formação de moléculas orgânicas complexas em gelos interestelares. Basicamente, eu simulo ambientes espaciais no laboratório e estudo as reações químicas que acontecem na fase sólida nesses ambientes super gelados.

Essa é a máquina que eu uso nos meus experimentos para simular a química do espaço

4. Que tipos de experimentos você anda conduzindo ultimamente?
Recentemente eu finalizei o meu primeiro projeto do doutorado. Fiz uma série de experimentos para investigar as rotas de formação de metanol no espaço! Quando o artigo for aceito eu conto mais detalhes. 😉

5. Como tem sido essa experiência do doutorado?
Tem sido super estimulante. Eu sou completamente apaixonada por ciência e pelo meu tópico de estudo, então todo dia é como uma aventura para mim. Desde criança eu sempre quis ser cientista. É muito louco poder dizer que estou vivendo meu sonho de infância.

6. O que você mais gosta sobre sua área de pesquisa?
Eu gosto de pensar sobre como um ambiente tão vazio e hostil como o meio interestelar/circumstellar pode dar origem a essencialmente todo o inventário molecular que temos na Terra. E eu gosto de poder explorar essa química exótica em laboratório, colocando a mão da massa mesmo.

7. E o que você gosta sobre Leiden?
Eu gosto da atmosfera da cidade. É muito diferente do Rio e de São Paulo, onde eu morei antes. Aqui é bem mais tranquilo e com bem menos gente. Ainda assim, tem muita coisa pra fazer de lazer.

8. Algo inesperado sobre a vida na Holanda?
Uma coisa que já tinham me contado antes, mas que mesmo assim me surpreendeu foi que todo mundo aqui fala inglês. Realmente todo mundo! Eu comecei a aprender Holandês porque estudar línguas é um hobbie meu, mas é tranquilamente possível viver aqui só falando inglês.

9. O que mais você gosta de fazer em Leiden além da pesquisa?
Eu gosto bastante de visitar os museus que têm aqui por perto e de ir ao cinema. Semana passada estava tendo um festival de cinema na cidade e eu e meu namorado assistimos uns dez filmes! Temos até cartões fidelidade dos museus e cinemas.

O museu de antiguidades de Leiden é um dos meus favoritos

10. E quais são os planos para o futuro?
No futuro próximo eu espero aproveitar o inverno batávico com muitas combinações de stroopwaffels e bebidas quentes. Mais pra frente, espero poder continuar fazendo ciência nessa área que eu tanto gosto e continuar compartilhando mais do meu trabalho por aqui!

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